Nova etapa do Pix leva ‘carnê’ para o mundo digital e favorece pequenos negócios.
Pix Cobrança e Pix Parcelado ampliam o acesso de consumidores a produtos de maior valor e instituições já oferecem novas soluções para empresas e estabelecimentos comerciais.
“Tem Pix?” já se transformou em uma pergunta frequente de consumidores ao caixa de um estabelecimento comercial, mas, até agora, somente para quem possuía recursos para pagamento à vista. Uma nova etapa do sistema de pagamento instantâneo instituído pelo Banco Central há exatamente um ano vai permitir que sejam feitos pagamentos parcelados, ampliando o alcance das empresas a consumidores acostumados a compras a prazo.
De janeiro a outubro, a quantidade de usuários cadastrados no Pix teve um salto de 72%, passando de 65,5 milhões pra 112,6 milhões. E, enquanto o número de pessoas físicas cadastradas cresceu 71%, o de empresas saltou 90%. Em média, nos últimos três meses, o número de transações girou em torno de 1 bilhão, sendo que o pagamento de pessoa física para pessoa jurídica passou de 8% para 16% desse volume.
“O Pix começou com foco em transferências entre pessoas (P2P) e gradualmente foi evoluindo para atender outros casos de uso, P2M [entre pessoas e estabelecimentos comerciais], P2G [entre pessoas e órgãos públicos], B2B [entre empresas]. Vimos já o lançamento do Pix Copia e Cola, Pix Agendado e recentemente o Pix Cobrança”, conta Eliseu Tudisco, diretor de estratégia de negócios da Accenture.
Segundo ele, em outros locais em que houve a implantação de uma solução de pagamentos instantâneos observou-se a redução do uso do dinheiro físico e um menor crescimento das transações com o cartão de débito, porém sem impacto nas transações com cartão de crédito. “A combinação dessas dinâmicas pode trazer não só os efeitos observados nos mercados internacionais que já possuem pagamentos instantâneos, mas um ganho de relevância ainda maior do Pix no mercado, pelo ganho de eficiência e liquidez imediata que viabiliza.”
Tudisco aponta que a combinação de produtos existentes com o Pix ainda é um movimento pouco explorado, assim como mecanismos de engajamento, fidelidade e seguros que são relacionados a operações com cartões de crédito e débito. “Os grandes bancos estão a cada dia criando novos mecanismos para explorar oportunidades com o Pix, o que só reforça ainda mais a relevância que pode alcançar no futuro.”
Marcelo Martins, diretor executivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), reforça que o produto, inicialmente pensado para transferência entre pessoas física, atualmente já atende às demandas de pequenas e médias empresas (PME). “Não à toa, oito entre cada 10 pequenas empresas já utilizam o Pix, segundo a 12ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas”, cita.
“Muitos são os fatores que contribuem para essa adesão. Este meio de pagamento facilita cobranças e pagamentos, sem falar na velocidade das transações. Além disso, há as isenções de taxas para os consumidores, bem diferente do TED, por exemplo. Todos esses fatores, somado à disponibilidade de um produto 24h ativo, ajudou o empreendedor a tomar melhores decisões para o seu negócio”, aponta Martins.
Leandro Hendges, gerente de Desenvolvimento de Negócios na Sicredi Vale do Piquiri, ressalta que o Pix Cobrança “facilitará bastante a vida de quem paga e de quem recebe, principalmente pela agilidade na conciliação dos dados e confirmação de pagamento”. “A cobrança tradicional de hoje leva um dia para ser compensada. Ou seja, pago um boleto hoje e a confirmação do pagamento para o credor só acontece efetivamente amanhã. Com o Pix Cobrança, o pagamento é efetivado na hora e o credor recebe online o pagamento.”
Para atender essa demanda, instituições financeiras de grande porte e fintechs já estão oferecendo serviços de cobrança baseados no Pix. O Itaú BBA lançou, na última semana, o BoleCode, uma solução em que boletos são emitidos com o código de barras e QR Code Pix, com funcionalidades que antes eram permitidas apenas no boleto tradicional.
Segundo a instituição, as cobranças com juros, multa, desconto e abatimento também podem oferecer o QR Code Pix como opção de pagamento e, em caso de inadimplência, será possível realizar o protesto e a negativação, uma forma de recuperar a dívida. “A chegada da modalidade pode trazer mais eficiência para as empresas com a combinação da instantaneidade e agilidade de liquidação do pagamento instantâneo e a praticidade e conveniência do boleto”, destaca a instituição, em nota.
“É como se o recebedor estivesse levando dois serviços pelo preço de um, sem abrir mão dos principais benefícios de ambos. Quem já utiliza o boleto não terá custo adicional se optar pelo BoleCode e, caso o cliente final faça o pagamento por meio do Pix, o ganho será ainda maior, graças à redução no valor de emissão, já que a tarifa para pagamentos instantâneos é menor”, explica Marcos Cavagnoli, diretor de Digital Cash Management e Open Finance do Itaú Unibanco.
Em modalidade semelhante, a BoletoFlex, que oferece soluções de crédito instantâneo para parcelamento de compras online via boleto para empresas como Mobly, Via Laser, Positivo, Avell e Multilaser, também passou a oferecer a opção de pagamento parcelado para compras no e-commerce. Com o novo serviço, o consumidor poderá fazer compras parceladas em até 24 vezes. Na outra ponta, o repasse dos valores para o lojista é feito imediatamente e de forma integral. É o carnê da era digital.
A solução desenvolvida pela fintech tem como diferencial a elegibilidade de crédito, aprovação instantânea, análise de dados comportamentais com 75% de eletividade, juros acessíveis e a possibilidade de atender tickets de R$ 150 até R$ 20 mil. De acordo com Pedro Noll, diretor de marketing da BoletoFlex, o serviço possibilita aos consumidores uma nova opção de parcelamento instantâneo, seja ele presencial ou via e-commerce, sem a necessidade de bancarização ou crédito pré-aprovado.
Aliando as novidades do Pix e instrumentos tradicionais, o BV passou a oferecer a seus clientes a opção de pagamento via Pix pelo cartão de crédito do banco. A operação é isenta de taxa de juros – benefício inédito no País, segundo a instituição – e conta apenas com a cobrança de IOF (0,38% + 0,011% ao dia). “Pensamos em trazer essa opção de pagamento para oferecer mais tranquilidade à vida financeira das pessoas que em algum momento precisam fazer o Pix, mas não têm o dinheiro na conta corrente na hora”, explica Marcos Barros, diretor de produtos e negócios digitais do BV.
O serviço é oferecido diretamente pelo app do banco para clientes da conta digital. A operação é feita da mesma maneira que o Pix tradicional, mas no momento da confirmação do valor há a opção cartão de crédito, com a previsão de quanto virá o valor na fatura com a cobrança do IOF.
Veja mais detalhes em: https://valorinveste.globo.com/produtos/servicos-financeiros/noticia/2021/11/16/nova-etapa-do-pix-leva-carne-para-o-mundo-digital-e-favorece-pequenos-negocios.ghtml